A única vacina contra o HIV, que estava sendo testada em estágio avançado, mostrou-se ineficaz por não gerar anticorpos neutralizantes suficientes para proteger contra o vírus. A informação foi anunciada pela Janssen Pharmaceuticals, parte da Johnson & Johnson, na quarta-feira, 18.
Outras dezenas de vacinas candidatas contra o HIV foram testadas e descartadas nas últimas décadas. Esta derrota mais recente atrasa o progresso mas, ainda assim, outras opções em testes em estágio inicial podem fornecer uma poderosa proteção contra o HIV.
O ensaio da vacina, chamado Mosaico, começou em 2019. O imunizante foi testado em 3.900 homens cisgênero (aqueles que sempre se identificaram como homens) e transgêneros que fazem sexo com homens cisgêneros e transgêneros, em mais de 50 locais em nove países da América do Norte, América do Sul e Europa.
A vacina continha um mosaico de componentes destinados a atingir vários subtipos diferentes de HIV presentes em todo o mundo. No entanto, a resposta imune que provocou contra o vírus não incluiu quantidades significativas dos chamados anticorpos neutralizantes.
Apesar do fracasso, o Mosaico sinaliza que uma vacina bem-sucedida deve estimular o corpo a produzir anticorpos amplamente neutralizantes, segundo Anthony S. Fauci, que liderou o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA até dezembro, em entrevista.
Depois de revisar os dados iniciais do estudo, um conselho independente de monitoramento de dados e segurança concluiu que, embora a vacina fosse segura, ela não prevenia mais infecções por HIV do que um placebo. O conselho recomendou que a empresa interrompesse o teste e informasse os participantes.
O resultado não surpreendeu totalmente os especialistas, porque um estudo da mesma vacina, chamado Imbokodoavac, foi interrompido em 2021. Esse ensaio testou a vacina em mulheres cisgênero em cinco países da África subsaariana.
De acordo com Mitchell Warren, diretor executivo da AVAC, uma organização de prevenção do HIV, o fracasso dos estudos é particularmente decepcionante, em parte porque foram financiados pela Johnson & Johnson.
“Não são muitas as empresas que se envolvem com vacinas para doenças infecciosas, então ver isso não chegar ao mercado é uma decepção e um revés”, comenta Warren.
A notícia deve levar os formuladores de políticas e ativistas a pensar em maneiras de tornar as ferramentas existentes para prevenir o HIV mais amplamente acessíveis.
Um estudo em andamento chamado PrEPVacc, na África Oriental e Austral, está avaliando uma combinação de vacinas experimentais contra o HIV e medicamentos preventivos. Os cientistas avançaram no desenvolvimento de anticorpos poderosos que podem neutralizar o vírus e eles estão testando novas tecnologias de vacinas, incluindo mRNA, contra o HIV.
Fonte: A Tarde
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