O dólar à vista fechou em alta ante o real pela segunda sessão consecutiva nesta segunda-feira, sob influência do exterior, onde as divisas de países exportadores de commodities perderam força com a divulgação de dados econômicos fracos da China, um dos maiores importadores de matérias-primas do mundo.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8074 reais na venda, com alta de 0,25%.
Na B3, às 17:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,32%, a 4,8205 reais.
A moeda norte-americana se manteve no território positivo durante todo o dia. Logo cedo, o mercado de câmbio foi influenciado pela divulgação dos dados mais recentes da economia chinesa.
O Departamento Nacional de Estatísticas informou que o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu apenas 0,8% entre abril e junho em relação ao trimestre anterior, em uma base com ajuste sazonal. A expectativa dos analistas ouvidos pela Reuters era de expansão de 0,5%, depois de um crescimento de 2,2% no primeiro trimestre. Na comparação anual, o PIB cresceu 6,3% no segundo trimestre, ante 4,5% nos três primeiros meses do ano, mas bem abaixo da previsão de 7,3%.
Dados de junho, divulgados juntamente com os números do PIB, mostraram que as vendas no varejo da China cresceram 3,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, desacelerando acentuadamente em relação ao salto de 12,7% em maio. Analistas esperavam crescimento de 3,2%.
Já o investimento privado em ativos fixos na China encolheu 0,2% nos primeiros seis meses do ano, em forte contraste com o crescimento de 8,1% no investimento de entidades estatais, sugerindo fraqueza da confiança empresarial privada.
Esta bateria de números voltou a colocar em dúvida a recuperação do gigante asiático após a crise causada pela pandemia de Covid-19. Em reação, ativos de países exportadores de commodities, como o real brasileiro e o peso chileno, foram penalizados.
Na cotação máxima da sessão, vista às 10h44, o dólar à vista atingiu 4,8510 reais (+1,16%). A partir daí, como vem ocorrendo em sessões mais recentes, a moeda norte-americana voltou a perder um pouco de força, com alguns participantes do mercado aproveitando as cotações mais elevadas para vender divisas.
A perda de força do dólar também no exterior contribuiu para que as cotações no Brasil voltassem a níveis mais próximos dos 4,80 reais no mercado à vista.
Operador ouvido pela Reuters ponderou que, com a chegada do recesso parlamentar, também há uma calmaria maior nos negócios no Brasil. Segundo ele, a divulgação do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) — que fez preço no mercado de juros — chegou a contribuir para a alta mais forte do dólar ante o real pela manhã, em meio a certo mal-estar com o resultado, mas a influência do exterior acabou se sobressaindo.
O IBC-br recuou 2,0% em maio em relação ao mês anterior. A queda foi a mais intensa desde março de 2021 (-3,5%) e foi bem pior que a expectativa da pesquisa da Reuters com economistas, de estagnação.
No fim da tarde, o dólar sustentava leves perdas ante moedas fortes no exterior e seguia em alta ante algumas divisas de exportadores de commodities.
Às 17:17 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,06%, a 99,904.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de setembro.
Fonte: Reuters
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