Com um contingente de cerca de 700 mil famílias, somando aproximadamente três milhões de pessoas, a Agricultura Familiar (AF) da Bahia se consolida na produção de alimentos e geração de emprego e renda nos 27 Territórios de Identidade (TI). E, embora o dia do agricultor seja comemorado hoje em todo Brasil, o agricultor familiar é festejado dia 25 de julho, através de iniciativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), desde 2014.
Como forma de chamar a atenção da sua importância para a fixação das pessoas no campo, evitando a migração e a fome nas grandes cidades, em 2017 a ONU instituiu a Década da AF entre 2019 e 2028.
No estado, 77,8% dos estabelecimentos rurais se enquadram na AF, pelas dimensões das áreas e pelo sistema de organização social, cultural, econômico e ambiental, em pequenas propriedades com gerenciamento e mão de obra dos próprios membros da família.
De acordo com a última divulgação da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (Sei) sobre o segmento, a riqueza gerada pela AF correspondeu a 32% do valor gerado da agropecuária em 2018 no estado. Em 2016 chegou a 44,1%. O último Censo Agropecuário aconteceu em 2017 e um novo recenseamento do setor ainda não tem data definida.
Para atender este segmento foi anunciado esta semana o Plano Safra da AF 2023/24 para a Bahia, com um valor R$ 3 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), retomando o programa com recursos específicos que estão sendo disponibilizados pelos Bancos do Brasil e do Nordeste.
“Através de crédito, assistência técnica e apoio com projetos e programas específicos, a atividade garante melhoria na qualidade de vida dos moradores da zona rural em diferentes regiões do estado e do Brasil”, afirma o professor Gilmar Tromoski, acrescentando que acompanha algumas iniciativas “e temos tido resultados exitosos”, comemora.
Bahia que Produz
Neste contexto, o estado lançou ainda o projeto Bahia que Produz e Alimenta, somando R$ 750 milhões, que serão administrados pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (Car), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). O propósito é alcançar 30 mil famílias.
Com uso de novas tecnologias no campo e focado na produção agroecológica, o projeto tem ligação com o programa Bahia Sem Fome e visa mapear as pessoas em insegurança alimentar .
“Estamos construindo condições favoráveis para que estas pessoas voltem ao setor produtivo”, afirma o diretor-presidente da CAR, Joseandro Ribeiro.
Animado com o trabalho já desenvolvido e com as novas perspectivas, o presidente da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes Bahia), Ícaro Rennê, pontua que “as cooperativas vão produzir com ainda mais qualidade, para que o alimento chegue na mesas dos brasileiros e renda aos trabalhadores”.
Entre outras iniciativas, 402 agroindústrias familiares serão apoiadas. No total serão mais de 600 organizações produtivas da AF e uma estimativa de 50 mil beneficiários diretos com melhoria e ampliação de infraestrutura, serviços e integração das associações produtivas aos mercados.
Crédito rural
Instituição financeira cooperativa, o Sicoob tem 128 agências distribuídas em 91 municípios baianos, com 20% da carteira de crédito destinada para a produção rural.
“A produção de alimentos é fundamental para garantir harmonia, prosperidade e subsistência do Brasil e no mundo”, diz o analista de crédito do Sicoob, Israel Vergne.
Ele destaca que “parte fundamental da atividade econômica do país, o agricultor familiar é um dos principais responsáveis pela produção das frutas, legumes e verduras que consumimos em nosso dia a dia nos grandes centros urbanos. Por isso, temos o maior prazer e orgulho em atender a este público em todas as suas necessidades financeiras, inclusive no crédito”.
De acordo com Vergne, na safra passada a carteira de crédito rural do Sicoob cresceu na Bahia mais de 50% em relação a anterior (21/22).
“Mais especificamente nas operações concedidas aos produtores rurais da agricultura familiar, observando somente o Pronaf, o crescimento foi de mais de 120% no valor contratado, especialmente no semiárido e sertão baianos”, pontua, sem declinar valores.
O crédito rural para pequenos e grandes propriedades é concedido em conformidade com todas as normas do Banco Central, esclarece Israel Vergne, acrescentando que as necessidades da classe são atendidas, “desde aquisição de máquinas e equipamentos, painéis fotovoltaicos até linhas que custeiam as demandas do dia a dia”.
Fonte: A Tarde
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