A missão de encontrar um presente significativo para os pais, sem impactar tanto o bolso, não é uma tarefa fácil. A estudante universitária Karine Lima, 22 anos, vive esse dilema há dias. Sem um trabalho fixo, a certeza era só uma: “Pesquisar muito para presenteá-lo com algo legal, que não fugisse do pequeno orçamento, já que nessas datas os preços sobem muito”. E não é uma mentira. De acordo com o levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), presentes para o Dia dos Pais subiram mais que o dobro da inflação geral, de 3,01%, no acumulado em 12 meses. Mesmo com a alta, os consumidores devem desembolsar, em média, R$ 180 na compra das lembranças, conforme a estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
Para comprar os presentes dos progenitores, os filhos terão que desembolsar um pouco mais. A pesquisa da Fecomércio, baseada nas informações do IPCA-15, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta um crescimento de 6,70% na cesta de produtos para a tradicional data comemorativa. O maior destaque é o setor de vestuário e calçados. O sapato masculino, por exemplo, registrou uma variação de 16,8% em um ano.
No entanto, a elevação dos produtos de vestuário não é resultado do excesso de demanda, esperado em determinadas datas comerciais, como explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze. Os preços mais elevados ainda são parte das consequências da pandemia da Covid-19. “É uma consequência do aumento do custo ao produtor, das malhas e tecidos. O ano de 2023 ainda está carregado desse aumento do ano passado”, pontua.
Por outro lado, a Fecomércio também realizou uma pesquisa sobre o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que registrou um aumento anual de 22,2%. Além disso, o atual patamar do indicador, de 106,4 pontos no mês de julho, é o mais elevado em 8 anos. “As condições estão mais favoráveis, mas isso não quer dizer que as vendas vão aumentar na mesma proporção”, afirma Dietze.
Para que o impacto econômico seja amenizado aos consumidores, Dietze indica uma pesquisa nas diversas lojas do segmento, integrantes de um setor competitivo, que facilita a redução dos preços. Mesmo com um emprego fixo, Sabrina Andrade, atendente de uma agência de Correios da Região Metropolitana de Salvador, segue os conselhos do consultor econômico — mesmo sem saber — e ainda está pesquisando o melhor presente para o pai. “Estou procurando algo que ele goste, para não passar em branco”, afirma.
Quem também continua com a pesquisa é a estudante universitária Beatriz Oliveira, 24, que sente dificuldades em encontrar um presente bom e barato. “Quero comprar um presente de qualidade, mas o custo não está acessível. Quando optamos por uma lembrança de boa qualidade, o valor a ser pago é exorbitante”, pontua
Expectativa do setor
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindlojas-BA), Paulo Motta, estima um crescimento de 7% nas vendas deste ano, em relação ao ano passado, com predominância de bens não-duráveis, como roupas, livros e peça íntimas. “Em função do início da redução da taxa de juros, mesmo que modesta, há uma expectativa positiva para o crédito, contribuindo para o crescimento do segmento”, diz Motta.
Questionado sobre o valor movimentado pelo setor no Dia dos Pais do ano passado, Motta orientou buscar a Secretária de Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz), o que foi feito pela reportagem. No entanto, o órgão estadual afirmou que não tem como especificar os gastos com o Dia dos Pais.
De acordo com Edson Piaggio, coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), a expectativa de vendas dos estabelecimentos comerciais é de um crescimento entre 12 e 15%, relacionado ao ano anterior, sem sofrer interferências dos preços elevados dos produtos. “As pessoas estão com vontade de presentear e, mesmo com produtos mais caros, o desejo de presentear está acentuado”, afirma Piaggio.
A CDL, por sua vez, espera um aumento de 5% nas vendas deste ano, em Salvador e Região Metropolitana, em relação ao mesmo período de 2022.
Em contrapartida, o comércio de rua não apresentou tanta empolgação com o Dia dos Pais. Na Avenida Sete, o comerciante José da Silva, mais conhecido como Bem-Te-Vi, vende mochilas por R$ 70 e afirma que a pouca movimentação não o surpreende. “A Avenida Sete não é mais como antigamente. Basta olhar o fluxo de pessoas”, comenta.
Ricardo Sena, que administra a barraca Lory Moda com a irmã, relata o fluxo menor de clientes neste período do ano, em relação a 2022, quando chegou a faturar R$ 3 mil na semana do Dia dos Pais. Neste ano, até a manhã da última terça-feira (8), ele tinha vendido menos de R$ 300. “Já era para estar pegando fogo”, pontua.
O consultor Guilherme Dietze explica que o Dia dos Pais não afeta todo o comércio no mês de agosto, diferente do Natal e do Dia dos Mães, que possuem uma relevância comercial maior. “Por isso, não conseguimos monitorar as vendas antecedentes ao Dia dos Pais”, pontua.
Ricardo Sena, que administra a barraca Lory Moda com a irmã, relata o fluxo menor de clientes neste período do ano, em relação a 2022, quando chegou a faturar R$ 3 mil na semana do Dia dos Pais. Neste ano, até a manhã da última terça-feira (8), ele tinha vendido menos de R$ 300. “Já era para estar pegando fogo”, pontua.
O consultor Guilherme Dietze explica que o Dia dos Pais não afeta todo o comércio no mês de agosto, diferente do Natal e do Dia dos Mães, que possuem uma relevância comercial maior. “Por isso, não conseguimos monitorar as vendas antecedentes ao Dia dos Pais”, pontua.
Fonte: Rede Bahia
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