Responsável por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) e quase 50% das exportações totais, além de gerar um em cada três empregos no estado, o agronegócio baiano – adubado pela alta tecnologia, pela diversificação, pela chegada de uma geração mais jovem cheia de ideias inovadoras e por políticas públicas de fomento – tem potencial para dar ainda mais frutos. E grãos, é claro – o segmento é responsável por 67% do Valor Bruto da Produção das Lavouras em 2022.
Para se ter uma ideia, o Valor Bruto da Produção Agropecuária do estado passou de 31 bilhões, em 2014, para uma previsão de 51,5 bilhões este ano – ou seja, um aumento de 34%, segundo dados da Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri). O estado é o maior produtor de grãos da Região Nordeste nas culturas de soja, algodão e milho, líder nacional na produção de manga, maracujá, guaraná e sisal, destacando-se também no cultivo de cacau, banana, coco e melão, só para citar alguns produtos.
“No cenário nacional, a Bahia vem, ano após ano, safra após safra, confirmando sua grande potencialidade no agronegócio, o qual vem crescendo e se consolidando como um dos setores mais sólidos e promissores da economia e de grande importância econômica e social”, avalia o secretário da Agricultura, Wallison Torres, ressaltando que o Plano Safra Empresarial da Bahia terá um aumento médio de 18% em relação ao período passado. Segundo Torres, o aporte total de créditos para a safra 2023/2024 alcança o montante de R$ 11 bilhões para a agricultura empresarial.
Renovação e sustentabilidade
A dinâmica do agronegócio, que envolve toda a cadeia que vai da produção à comercialização, passando pela estocagem e industrialização, exige soluções cada vez mais inovadoras e sustentáveis. E é esta dinâmica que tem atraído os jovens para permanecer e até mesmo retornar para o campo. Enquanto a idade média do produtor rural no resto do país é de mais de 50 anos, na Bahia é de 35. Um exemplo é Janilton Teixeira de Santana, que aos 18 anos plantou a primeira safra de abacaxi em Itaberaba, atual polo produtor da fruta no estado, e nunca mais saiu da lida no campo (leia mais na página 4).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres estão alcançando cada vez mais postos de destaque entre os produtores. O exemplo vem de Coaraci, no Sul do estado, onde está em fase final de instalação a nova fábrica de chocolates Simplicitude, que tem no comando a designer e gestora de projetos Sheylla Tomás, 34 anos, que migrou de profissão para se dedicar a um projeto de verticalizado de cacau (leia mais na página 6).
Não faltam incentivos para as novas gerações. A Casa Familiar Rural, uma instituição de educação profissional, em Presidente Tancredo Neves, já formou 480 jovens empresários rurais e há outros 116 que estão em processo de formação.
Cada vez mais jovens se interessam pela atividade na Bahia, tendência que pode ser constatada até nos dados demográficos. De acordo com o IBGE, enquanto grandes centros urbanos como Salvador perdem habitantes, fronteiras agrícolas pujantes, como o Oeste, atraem moradores em velocidade sem precedentes.
Para continuar conquistando mercado, o agronegócio tem como um de seus maiores desafios colocar a sustentabilidade como meta urgente, principalmente no que refere ao uso de recursos naturais e cuidados com o meio ambiente. ”Precisamos nos conectar a uma nova ordem no padrão mundial de produção e consumo de alimentos, que exige uma produção cada vez mais sustentável e alimentos mais seguros. Temos trabalhado no desenvolvimento de tecnologias neste sentido, como, por exemplo, os bioinsumos para controle de doenças”, alerta Carlos Estevão Leite Cardoso, pesquisador e chefe geral substituto da Embrapa Mandioca Fruticultura, localizada em Cruz das Almas.
Incentivos públicos
Um dos principais incentivos para o setor é o Desenvolve (Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia), que tem como objetivo fomentar e diversificar a matriz industrial e agroindustrial. O estado da Bahia concede dois incentivos às empresas industriais e agroindustriais relacionados ao prazo de pagamento e diferenciação de quitação de ICMS devido, relativo à aquisição de bens destinados ao ativo fixo.
A principal fonte de recursos para o setor vem do Plano Safra, do governo federal, que foi anunciado em junho com um total de R$ 364,22 bilhões. Os financiamentos são operados pelas instituições credenciadas.
Já o Plano Safra da Agricultura e Pecuária da Bahia 2023/2024 tem como foco a expansão do crédito com sustentabilidade, com um total de recursos de
R$ 11 bilhões para a agricultura empresarial, o que representa um aumento médio de 18% em relação à safra passada para as linhas de crédito.
Já a agência de fomento Desenbahia disponibiliza diversas linhas de crédito rural para custeio, aquisição de máquinas e equipamentos e projetos de investimentos, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. O acesso é pelas agências mais próximas do solicitante (https://www.desenbahia.ba. gov.br/gerencias/).
Agricultura familiar
Além do amparo dos pioneiros, a nova geração de agricultores encontra apoio na ciência para, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade e promover melhorias socioambientais. Entidades setoriais, como a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), e instituições de fomento, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), frequentemente realizam pesquisas que beneficiam tanto o produtor quanto o consumidor.
Os avanços tecnológicos não estão restritos aos grandes produtores. A agricultura familiar da Bahia também se beneficia fortemente das novas soluções. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR), apenas na segunda metade da última década, foram investidos R$ 2,5 bilhões em ações diretas de fortalecimento da base de produção, como assistência técnica e extensão rural, regularização fundiária, seguro para produção, infraestrutura, tecnologia e implantação de agroindústrias.
Hoje em todo o Nordeste existem cerca de 2,1 milhões de estabelecimentos ligados à agricultura familiar e aproximadamente 593 mil apenas na Bahia. O estado conta com a maior rede do gênero no Brasil, que abrange cerca de três milhões de baianos e baianas.
Fonte: A Tarde
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