O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (23), os dados de fevereiro de 2022 do comércio exterior do agronegócio brasileiro.
O Brasil registrou um saldo positivo de US$ 9,3 bilhões no mês.
As exportações fecharam fevereiro em US$ 10,5 bilhões, aumento de 64,5% na comparação com fevereiro do ano passado, e o valor das importações foi de US$ 1,2 bilhão, aumento de 2% na mesma comparação.
A alta no mês é justificada, em parte, devido à forte elevação dos preços internacionais das principais commodities da pauta exportadora brasileira.
O preço internacional da soja e do milho estão próximos das máximas históricas. Como resultado, em fevereiro, o valor mensal das exportações ficou acima do registrado em qualquer mês de 2019 e 2020.
A alta dos preços internacionais da carne bovina e a demanda aquecida devem contribuir para a manutenção dos altos valores das exportações desse produto em 2022.
Já a exportação de carne suína foi impactada pela queda nos preços internacionais, motivada pela redução das importações chinesas, país em que este rebanho tem apresentado recomposição.
Em fevereiro, os envios de carne suína brasileira para China caíram 48% em relação a fevereiro de 2021. A queda que foi parcialmente compensada pelos demais destinos, todavia, fechou com volume exportado 12,7% inferior ao de fevereiro passado.
O café apresentou crescimento das quantidades exportadas, após quedas mensais seguidas entre julho de 2021 e janeiro de 2022. A exportação ajudou a conter o viés de valorização dos preços que durava desde o fim do ano passado e se agravou com a eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia.
No acumulado dos últimos doze meses, o valor das exportações do agronegócio registrou um crescimento de 27,1% ante igual período do ano anterior, contribuindo para a alta de 30,1% no saldo da balança comercial do setor, o que corresponde a US$ 113,6 bilhões neste período.
Importações
Nas importações, o destaque foi o trigo, com crescimento de 10,9% em quantidade e 26,5% em valor. A alta nos preços internacionais do cereal vem sendo observada após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, dois dos maiores exportadores do produto.
Mesmo com a estimativa de crescimento de 2,6% da produção brasileira estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a demanda doméstica continuará não sendo atendida pela produção nacional e, por isso, as incertezas frente à produção e comercialização mundial do produto gerarão consequências para o mercado doméstico brasileiro este ano, principalmente nos produtos que usam o trigo como insumo, como pães e massas.
O Ipea reforça que há dois fatores que têm contribuído para mudanças significativas no comércio mundial de commodities.
O primeiro se refere às mudanças climáticas e outros fenômenos como a La Niña e as estiagens que impactaram principalmente a produção de grãos, açúcar, café e proteína animal.
O outro motivo relaciona-se à incerteza quanto à oferta de diversos produtos comprometidos pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Países no entorno do conflito, como Bulgária e Hungria, reduziram ou suspenderam as exportações de grãos devido ao risco de desabastecimento interno. Em consequência, os preços dos ativos energéticos, metálicos e grãos sofreram fortes altas em março. Enquanto isso, as demais soft commodities, como açúcar, café, cacau e até mesmo a carne bovina, interromperam a sequência de altas, revertendo em queda, devido a sua menor essencialidade em um cenário de conflitos.
Fonte: Canal Rural
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