Depois de ver o filho de apenas 15 anos morrer em decorrência da dengue no ano passado, Francislene Costa foi a primeira pessoa a se vacinar contra a dengue no Brasil, na quarta-feira (3). Isso só foi possível graças a parceria da prefeitura de Dourados, no Mato Grosso do Sul, com a farmacêutica Takeda, que produz o imunizante Qdenga. Enquanto isso, o Ministério da Saúde ainda não definiu as estratégias para a aplicação da vacina nos outros estados brasileiros.
O que se sabe até agora é que o laboratório fornecerá ao menos 5,082 milhões de doses da vacina entre fevereiro e novembro deste ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Isso significa que mais 2,541 milhões de pessoas devem ser imunizadas em 2024 no Brasil, já que suas doses em um intervalo de três meses são necessárias. A ação em Dourados faz parte de uma pesquisa que busca medir a efetividade da imunização.
Questionado, o Ministério da Saúde informou que ainda estuda as melhores estratégias para distribuir os imunizantes para as secretarias estaduais de saúde. A pasta ressaltou que nenhuma data foi definida até agora e que a vacina não estará disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em larga escala, uma vez que depende da capacidade da farmacêutica. O imuzante é vendido desde junho de 2023 em laboratórios da rede privada.
O imunizante é produzido na Alemanha e importado para o Brasil. A diretora médica da Takeda Vivian Lee afirma que a empresa tem interesse em produzir a vacina em território nacional, mas aguarda definições do Governo Federal. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou o imunizante em dezembro.
“Com relação a Bahia, nós estamos esperando que o Ministério da Saúde defina o modelo mais adequado e quais serão os grupos prioritários e estratégias para dar início a vacinação, assim como acontece com outras vacinas do Programa Nacional de Imunizações”, explica Vivian Lee.
O imunizante é indicado para pessoas de 4 a 60 anos, que já tiveram dengue ou não. A diretora médica da Takeda prevê que cerca de 50 milhões de doses sejam disponibilizadas no país em até cinco anos. A quantidade é suficiente para imunizar 25 milhões de pessoas, o que representa 12,3% do total da população do país.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador informou que aguarda a definição da estratégia por parte do Governo Federal, assim como o recebimento das doses. “Uma vez recebidas, o município implantará a imunização em seu território, atendendo aos critérios estabelecidos”, diz. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) também foi procurada, mas não se manifestou.
Enquanto a vacina não é aplicada no resto da população, a melhor forma de prevenção continua sendo evitar a proliferação do mosquito aedes aegypti, eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, pneus e garrafas plásticas.
Fonte: Correio 24 horas
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