A diversidade mineral da Bahia é um dos fatores que garantem ao estado local de destaque na produção nacional de minérios. Conforme dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2021, a Bahia registrou a produção de 54 tipos de substâncias, das quais, liderou a produção de 19. Níquel, diamante e vanádio são alguns dos minérios e metais preciosos em que a arrecadação da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) é superior à de outros estados.
Um dos grandes destaques, já em 2022, é o níquel. Com a disparada de preços devido a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o minério registrou alta histórica, gerando uma série de preocupações, podendo inclusive ocasionar a suspensão da produção dos carros elétricos. A produção baiana é realizada no município de Itagibá, pela Atlantic Nickel, única produtora de níquel sulfetado no país e que no início de abril, realizou o seu quarto embarque para exportação, este ano, totalizando mais de 29 mil toneladas comercializadas.
“Observar o que já alcançamos nos dá ainda mais energia para trilhar o caminho de novas realizações que temos pela frente. Enquanto celebramos os nossos resultados crescentes, estamos certos de que cumprimos também o compromisso primordial com a sustentabilidade. Operamos um modelo de produção eficiente, que não perde de vista o propósito de promover o desenvolvimento socioeconômico de Itagibá e região”, destaca o diretor geral de operações, Ricardo Campos.
Em 2021, conforme dados obtidos pela ANM, a produção superou em 180% a de 2020. A produção significativa gerou uma receita de mais de R$20 milhões, sendo 60% para o município onde ocorre a mineração, 15% para o estado, e 15% para municípios afetados. Com isto, mais de R$ 15 milhões da contrapartida foram para os cofres do município de Itagibá, mais de R$ 6 milhões para o estado da Bahia e pouco mais de R$ 33 mil para o município de Campo Formoso.
Outro destaque da produção baiana é o diamante. Uma das pedras mais cobiçadas para a fabricação de joias e também considerado o material mais duro do mundo, é encontrada na cidade de Nordestina e produzida pela empresa Lipari Mineração. Conhecida como Mina Braúna é considerada a primeira mina de diamantes da América do Sul desenvolvida em depósito kimberlítico, rocha fonte primária de diamante.
A mina entrou em operação comercial em julho de 2016 e atualmente é a maior produtora de diamantes do Brasil. A empresa é responsável por mais de 80% da produção nacional, em termos de volume, que seguem os trâmites do Sistema de Certificação Processo Kimberley (SCPK), certificação internacional que estabelece os requisitos para controlar a produção e o comércio internacional de diamantes brutos.
A Bahia também se destaca como a única produtora de vanádio do país. O minério que é uma das apostas para a criação de baterias para o armazenamento de energia limpa em larga escala, é encontrado no município de Maracás. A Largo, empresa que atua na produção do minério, investirá nos próximos anos, 230 milhões de dólares na expansão da produção de vanádio para baterias, das atuais 12 mil toneladas, por ano, para 15.900 toneladas, a partir de 2030.
Além disso, um investimento de 360 milhões de dólares está previsto para a construção de uma fábrica de pigmentos de titânio, instalada no Polo Industrial de Camaçari. A produção de pigmento, prevista para iniciar em 2024, utilizará os rejeitos de vanádio já produzidos pela mina situada no município de Maracás.
A mina de vanádio, em Maracás, e a mina Santa Rita, em Itagibá, ambas foram descobertas pelas pesquisas da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). A Vanádio de Maracás está também com outras áreas da CBPM, a exemplo da de Campo Alegre de Lourdes, novo e importante depósito de titânio em desenvolvimento.
De acordo com o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, a Bahia hoje é um dos principais pólos minerais do Brasil e tem tudo para avançar ainda mais nos próximos anos.
“Temos uma grande diversidade mineral e ela é muito importante para os resultados que vemos hoje, que sem dúvidas são fruto de um extenso trabalho que a CBPM realizou ao longo dos seus quase 50 anos, ao mapear 100% do território baiano. Somos grandes produtores de água mineral e possuímos a segunda maior reserva de gemas do país. Muita gente não sabe, mas somos os maiores produtores de talco e os únicos de urânio do Brasil. Isso reforça a importância da mineração para a economia do estado. E, para este ano, esperamos alcançar resultados ainda melhores e conquistar mais investimentos em pesquisa, tecnologia e uma logística mais eficiente e sustentável para o escoamento da produção”, destaca Tramm.
Logística ainda é um problema
Uma infraestrutura de transporte eficiente também é essencial para o avanço da mineração baiana, que atualmente enfrenta a ausência de linhas ferroviárias do estado. Os problemas de logística do estado deverão reduzir com o início das operações da Fiol (Ferrovia Oeste-Leste), porém ainda há muito o que fazer.
A situação fica ainda mais crítica com o abandono das linhas da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que estão cedidas a VLI e que nos últimos 25 anos precarizou o sistema, ao não realizar as manutenções devidas, além de desativar grande parte das linhas que cortam a Bahia. Mesmo com esse descaso, a empresa tenta conquistar a renovação antecipada da licitação por mais 25 anos, o que é condenado por diversas entidades e pessoas que buscam a revitalização das linhas férreas da Bahia.
“O que eles fizeram nos últimos 25 anos para a Bahia? Qual o projeto deles? Quem garante que nos próximos 25 anos o trem vai voltar a transportar mercadorias e pessoas, como ocorria no início do contrato de concessão? É preciso que a Agência Nacional de Transportes (ANTT) cobre da VLI os prejuízos e não permita que uma renovação de concessão seja realizada sem as consultas públicas que foram solicitadas”, enfatiza Tramm.
Ferramenta disponibiliza informações da mineração baiana
Buscando identificar e facilitar o acesso às informações sobre a CFEM, a CBPM criou e desenvolveu um infográfico interativo que permite que o cidadão visualize tudo que foi produzido em bens minerais em cada um dos municípios baianos, nos últimos cinco anos, além do quanto foi arrecadado, a partir de cada um destes municípios, ou por cada tipo mineral.
A ferramenta foi elaborada a partir de dados de recolhimento da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), disponibilizados pela ANM, mesmos dados que comprovam que a Bahia foi terceiro maior produtor mineral em 2021 e também que o estado é líder na produção de 19 tipos minerais.
Fonte: CBPM
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