Coleta de resíduos pode acarretar inúmeros agravos na saúde da população, alertam especialistas

A gestão inadequada da coleta de resíduos sólidos continua sendo uma das maiores ameaças silenciosas à saúde pública nas cidades brasileiras. Segundo especialistas, falhas na coleta regular e no descarte correto do lixo podem causar uma série de agravos à saúde da população, que vão desde infecções gastrointestinais até doenças vetoriais graves como dengue, zika e chikungunya.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20 milhões de brasileiros vivem em áreas sem acesso adequado à coleta de lixo. Nestes locais, o acúmulo de resíduos atrai vetores como ratos, baratas e mosquitos, que agem como transmissores de agentes infecciosos.

“A população muitas vezes não associa a irregularidade da coleta de lixo ao aumento de doenças respiratórias, infecções de pele, surtos de dengue e até contaminação de alimentos.

Além do risco biológico, o lixo acumulado em vias públicas pode obstruir bueiros, causar alagamentos e provocar o contato direto de comunidades com esgotos e águas contaminadas, principalmente em períodos de chuva.

Em muitos municípios da Bahia, a coleta irregular ainda afeta diretamente comunidades periféricas, onde a infraestrutura urbana é precária. “O que vemos é uma desigualdade ambiental. As áreas menos favorecidas são justamente as que mais sofrem com os impactos da má gestão de resíduos”, destaca estudo urbanista.

Educação e responsabilidade compartilhada

Embora o poder público seja o principal responsável por garantir a coleta e o tratamento adequado dos resíduos, a população também desempenha um papel importante. O descarte incorreto de lixo, o acúmulo de materiais recicláveis a céu aberto e a falta de separação dos resíduos orgânicos e inorgânicos contribuem para o problema.

A coleta de resíduos é mais do que um serviço urbano — é uma questão de saúde pública. A negligência nesse setor custa caro: afeta diretamente o bem-estar da população, agrava desigualdades sociais e sobrecarrega o sistema de saúde. Combater esse problema exige vontade política, conscientização da população e uma gestão comprometida com o futuro sustentável das cidades.