Com a alta do petróleo nos últimos dias, a defasagem no preço interno da gasolina em relação às cotações internacionais atingiu o maior valor desde o começo de julho, antes da série de cortes nas refinarias promovidas pela Petrobras.
Especialistas esperam que a cotação do petróleo se mantenha em patamares altos, o que joga pressão sobre a direção da Petrobras em meio à campanha para reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não quer aumentos antes da votação do segundo turno.
Segundo a Abicom (Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,31 por litro abaixo da paridade de importação -uma baliza em relação aos preços internacionais- na abertura do pregão desta quinta-feira (6).
É o maior valor desde os R$ 0,40 registrados no dia 4 de julho. Calculada pela Abicom em R$ 0,43 por litro, a defasagem do preço do diesel é a maior desde os R$ 0,52 por litro verificados no dia 28 de junho.
Naquele período, os preços registravam elevadas defasagens por dias consecutivos, em um sinal de que a Petrobras vinha segurando reajustes. Logo depois, o petróleo começou a cair no mercado internacional e a Petrobras promoveu uma série de cortes nos preços em suas refinarias.
Os cortes intensificaram um movimento de queda nos postos, iniciado após a redução de impostos federais e estaduais sobre os combustíveis e usado como um dos trunfos na campanha de Bolsonaro à reeleição.
Escalado ao comando da Petrobras com a missão de “dar nova dinâmica” aos preços dos combustíveis, Caio Paes de Andrade passou a anunciar reduções de preços quase semanalmente para gerar fatos positivos para a campanha.
Agora, com o petróleo em alta, a empresa é pressionada a, ao menos, segurar reajustes até a votação. Para reduzir resistências, Paes de Andrade tenta substituir o diretor Financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, por um nome mais alinhado ao governo.
A missão é dificultada pelo corte de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), anunciado nesta quarta-feira (7). Para o banco UBS, a medida deve manter o petróleo em alta por mais tempo.
Em relatório, analistas do banco dizem que o mercado segue pressionado pela maior demanda para substituir o gás da Rússia e o fim do uso de estoques estratégicos na Europa e pelo início de sanções contra importações russas em dezembro.
Assim, dizem os analistas do banco, a expectativa é que a cotação do Brent, referência internacional negociada em Londres, fique acima dos US$ 100 por barril nos próximos trimestres -por volta de 12h30 desta quinta, ele era negociado acima de US$ 94.
“Temos defasagens e viés de alta no mercado internacional”, concorda o presidente da Abicom, Sergio Araújo, que vê necessidade de correção nos preços.
A Petrobras tem dito que sua política de preços acompanha as cotações internacionais mas sem repassar ao consumidor volatilidades pontuais. Afirma ainda que não há prazos estabelecidos para reajustes de preços.
Fonte: Folhapress
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