A taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,1% no trimestre encerrado em outubro, mas a falta de trabalho ainda atinge 12,9 milhões de brasileiros, segundo informou nesta terça-feira (28) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da menor taxa de desemprego desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2020 (11,8%), antes do início da pandemia de coronavírus.
Apesar da queda do desemprego, o rendimento médio real da população ocupada encolheu pelo 5º trimestre seguido, para uma mínima histórica.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em setembro, a taxa de desemprego estava em 12,6%, atingindo 13,5 milhões de pessoas.
“A população desocupada (12,9 milhões de pessoas) diminuiu 10,4% (menos 1,5 milhão de pessoas) frente ao trimestre terminado em julho (14,4 milhões de pessoas) e caiu 11,3% (menos 1,7 milhão de pessoas) ante ao mesmo trimestre móvel de 2020 (14,6 milhões de desocupados)”, informou o IBGE.
O número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) foi estimado em 5,1 milhões de pessoas, o que representa uma queda de 3,8% (menos 199 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e de 11,9% (menos 683 mil) no comparativo internanual.
Ocupação cresce, mas renda média atinge mínima histórica
O contingente de ocupados no país aumentou 3,6%, o que representa 3,3 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em julho. Em 1 ano, houve aumento de 8,7 milhões de trabalhadores.
“Essa queda na taxa de desocupação está relacionada ao crescimento da ocupação, como já vinha acontecendo nos meses anteriores. O aumento no número de ocupados ocorreu em seis dos dez grupamentos de atividades, a exemplo do comércio, da indústria e dos serviços de alojamento e alimentação”, destacou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
O nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, subiu para 54,6% no trimestre encerrado em outubro, o maior desde abril do ano passado.
Apesar da queda do desemprego e aumento do número de ocupados no país, o rendimento médio real habitual do trabalhador (descontada a inflação) caiu para R$ 2.449 –o menor valor já registrado na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. O valor representa uma queda de 4,6% frente ao trimestre anterior e uma redução de 11,1% relação a igual trimestre de 2020.
Já a massa de rendimento foi de R$ 225 bilhões, com queda de 1,1% na comparação com o trimestre anterior e recuo de 1,9% em 1 ano, o que foi classificado pelo IBGE como estatisticamente estável.
“Apesar de haver um crescimento significativo da ocupação, a massa de rendimento permanece estável. Isso acontece porque o rendimento do trabalhador tem sido cada vez menor – seja porque a expansão do trabalho ocorre em ocupações de menores rendimento, seja pelo avanço da inflação nos últimos meses”, explicou a coordenadora da pesquisa.
40,7% dos ocupados na informalidade
A taxa de informalidade manteve a trajetória de alta, atingindo 40,7% da população ocupada, ou 38,2 milhões de trabalhadores. No trimestre anterior, a taxa havia sido 40,2% e, no mesmo trimestre de 2020, 38,4%.
O número de trabalhadores por conta própria cresceu 2,6% (638 mil pessoas) na comparação mensal e 15,8% (3,5 milhões de pessoas) na comparação anual, chegando ao contingente de 25,6 milhões.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada totalizou 33,9 milhões de pessoas, subindo 4,1% (mais 1,3 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 8,1% (mais 2,6 milhões de pessoas) frente a 2020.
Já o número de empregados sem carteira assinada chegou a 12 milhões, com alta de 9,5% (1 milhão de pessoas) ante o trimestre anterior e de 19,8% (2 milhões de pessoas) em relação a igual trimestre de 2020.
Perspectivas
Apesar da trajetória de queda do desemprego nos últimos meses, a recuperação do mercado de trabalho tem sido puxada pelo aumento o número de trabalhadores subocupados e informais, e vem sendo marcada pela queda do rendimento médio da população ocupada.
Entre os fatores que dificultam uma retomada mais firme do mercado de trabalho e a geração de vagas de melhor qualidade estão a piora das expectativas para a economia em 2022, as incertezas fiscais e políticas em ano de eleições presidenciais, e a trajetória de alta da taxa básica de juros, que encarece os investimentos e os financiamentos de empresas e consumidores.
Os índices de confiança do comércio e de serviços voltaram a cair em dezembro, segundo mostrou nesta terça o Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), indicando a piora do otimismo dos empresários.
A projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 passou de 0,50% para 0,42%m segundo o boletim Focus do Banco Central. Já a estimativa para a Selic é de 11,50% ao ano para o fim de 2022, o que pressupõe novas altas do juro básico da economia no próximo ano. Para a inflação, a previsão é de 5,03%.
Fonte: G1
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