Os valores médios de diesel e gasolina da Petrobras nas refinarias atingiram na quarta-feira (2) 25% de defasagem ante a paridade de importação, um nível não visto há cerca de 10 anos, apontaram cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
O chamado preço de paridade de importação (PPI) é o custo do produto importado trazido ao país.
A atual política de preços da Petrobras busca seguir o PPI, para evitar prejuízos, considerando indicadores como o valor do barril do petróleo e o dólar. No entanto, a empresa tem demorado a fazer reajustes, alegando que assim evita repassar volatilidades internacionais ao mercado interno.
“A Petrobras vem praticando preços muito abaixo da paridade nos últimos meses, mas, agora com o conflito na Ucrânia, as defasagens chegaram em patamares (não vistos há muito tempo)”, disse à Reuters o presidente da Abicom, Sergio Araújo.
“Este nível de defasagem só ocorreu no período de 2011/2013, quando a Petrobras acumulou grandes prejuízos.”
Diante de temores de oferta apertada relacionados à guerra na Ucrânia, o petróleo tipo Brent subiu 7,58% nesta quarta-feira, a 112,93 dólares por barril, maior patamar desde junho de 2014, enquanto o petróleo nos EUA (WTI) avançou 6,95%, a 110,60, maior nível desde maio de 2011. Nesta quinta, o barril de Brent chegou perto de US$ 120.
Em relatório a clientes, analistas do Goldman Sachs também apontaram defasagens de mais de 20% nos preços da Petrobras nesta quarta-feira.
“À luz do recente aumento nos preços do petróleo…, os investidores questionam a viabilidade da atual política de preços da Petrobras – que segue os preços internacionais de gasolina e diesel, mesmo que com algum atraso”, afirmaram os analistas do banco Bruno Amorim e Joao Frizo.
O banco ressaltou que o Brent já acumula alta de cerca de 45% no ano, sendo um avanço de 16% na última semana.
“Os preços do diesel/gasolina nas refinarias da Petrobras aumentaram 78/75% desde janeiro de 2021 e atualmente permanecem 21/23% abaixo da paridade internacional de acordo com nossos cálculos após o recente aumento nos preços do petróleo”, disseram eles.
Na semana passada, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, havia afirmado à Reuters que a petroleira acompanhava “minuto a minuto” a alta nos preços do petróleo Brent antes de tomar qualquer decisão sobre os preços. Segundo Luna, o cenário ainda era de muita incerteza e volatilidade para uma definição de eventuais reajustes, medida sempre impopular na sociedade e no meio político.
O último reajuste foi anunciado pela Petrobras no dia 11 de janeiro.
Fonte: Reuters
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