Se tem uma coisa que marca o início da vida adulta para a maioria das pessoas é, com certeza, o pagamento de boletos. Em meio às várias contas que precisam ser quitadas mensalmente, as despesas domésticas estão na lista das mais importantes e, muitas vezes, das que mais pesam no bolso. Na Bahia, só este ano, até o mês de maio, o valor do gás de cozinha já havia passado por três reajustes. Atualmente, o botijão de gás é encontrado por R$ 125, em média, na capital baiana.
O valor da energia também tornou-se mais salgado em 2023: em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou um reajuste médio de 8,18% para as tarifas de energia da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba). As tarifas das contas de água e esgoto seguiram pelo mesmo caminho. No final de agosto, a Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (Agersa), através do Diário Oficial do Estado, anunciou o aumento de 6,72%.
Mesmo diante da sequência de altas, as chamadas ‘contas de casa’ não podem ser negligenciadas, tampouco cortadas da lista de pagamentos. Buscar alternativas para reduzir as despesas domésticas, portanto, é a melhor forma de evitar o desequilíbrio das finanças e o endividamento.
Hábitos sustentáveis
Ao constatar a subida nos preços das contas, Leonam Santos, 30, desenvolveu estratégias para tentar driblar a alta nas despesas com luz e gás, principalmente. “Não deixo aparelhos na tomada sem necessidade, a geladeira fica na temperatura mínima e, quando está mais cheia, na média. Raramente utilizo chuveiro quente, minhas lâmpadas são todas em LED e com a potência necessária para iluminação do local: cômodos menores têm lâmpadas de potência menor, cômodos maiores, de potência maior”, conta.
Em relação ao gás de cozinha, o empresário dá preferência a preparos mais rápidos e, se possível, na panela de pressão, a fim de utilizar menos gás. Para evitar valores exorbitantes nas contas de água, Leonam está sempre atento às goteiras nas torneiras.
Rebeca Queiroz, 23, também sentiu o bolso pesar mais este ano devido à conta de energia elétrica. Mesmo passando boa parte do tempo fora de casa, a estudante relata que ainda precisa arcar com valores exorbitantes – segundo ela – referente à luz.
“Foi a conta que mais fiquei assustada quando passei a morar sozinha, por isso, procuro sempre tirar eletrodomésticos da tomada, como microondas e TV. Além disso, determinei que o ventilador só deve ser ligado dia sim, dia não, para economizar”, pontua.
Alta dos custos
Mesmo prestando atenção em todos os detalhes, é impossível não ser atingido pelos aumentos de valores das despesas domésticas. Para evitar chegar ao final do mês no vermelho e acumular atrasos nas contas, o ideal é revisar as finanças e se organizar para não faltar dinheiro para as despesas fixas, destaca o planejador financeiro Victor Tude.
“É claro que é possível gastar um pouco menos na luz, reduzir o tempo de ar-condicionado, de forno para economizar gás, mas quando se trata, principalmente, da população com um padrão de vida mais ‘apertado’, existe um limite para isso. Neste caso, o mais importante é olhar o orçamento de uma forma completa e ver quais outros gastos podem ser cortados para que o pagamento das despesas domésticas não seja prejudicado e para evitar mais aperto”, ressalta.
O primeiro passo, segundo Tude, é a construção de um orçamento familiar, com todas as categorias de despesas e estimativas de orçamento mensais. Depois, no fim do mês, é preciso comparar o que foi estimado com o que, de fato, foi gasto.
“Neste momento, normalmente, costuma ter o efeito surpresa, a pessoa percebe que está gastando mais do que deveria em categorias que têm espaço para cortar, como uma assinatura de TV que nem é aproveitada ou muitos gastos com Uber e Ifood”, conta o planejador financeiro.
A organização na hora de pagar as contas é outro passo fundamental, afirma a planejadora financeira Jana Gomes. “Uma dica é mapear quais são esses débitos, os seus dias de vencimento, concentrar o pagamento de todos eles em um único dia do mês ou os colocar em débito automático, usar lembretes na agenda”, aconselha.
No caso de famílias de baixa renda, Jana recomenda ainda a possibilidade de inscrição no Cadastro Único – CadÚnico do Governo Federal e no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS para ter acesso a tarifas sociais de energia e auxílio gás. Em relação à conta de água, segundo a planejadora financeira, é preciso procurar a concessionária de serviços de saneamento básico e se informar como se cadastrar na tarifa social.
Fonte: A tarde
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