O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do Brasil – fechou 2021 em 10,06%, segundo divulgou nesta terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em dezembro, o IPCA desacelerou para 0,73%, após ter registrado taxa de 0,95% em novembro.
Mesmo tendo desacelerado em dezembro, a inflação do país no acumulado no ano ficou bem cima do teto da meta para 2021, que era de 5,25%. Quando isso acontece, o Banco Central tem de escrever uma carta pública explicando as razões. Pelo sistema vigente, o IPCA poderia ficar entre 2,5% e 5,25% para a meta ser oficialmente cumprida.
Foi a primeira vez desde 2015 que a inflação oficial estourou o limite do sistema de metas.
Os analistas do mercado financeiro estimavam uma inflação de 9,99% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Em 2020, o IPCA foi de 4,52%. Foi também a primeira vez desde 2015 que a inflação ficou acima de 10%.
Vilões do ano
A inflação de dois dígitos em 2021 foi puxada principalmente pelo grupo “Transportes”, que apresentou a maior variação (21,03%) e o maior impacto (4,19 pontos percentuais) no IPCA do ano. Na sequência vieram “Habitação” (13,05%), que contribuiu com 2,05 p.p., e “Alimentação e bebidas” (7,94%), com impacto de 1,68 p.p. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021.
“O grupo dos Transportes foi afetado principalmente pelos combustíveis”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. “Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar”.
Outros destaques de alta no grupo foram automóveis novos (16,16%), usados (15,05%), passagens aéreas (17,59%) e transportes por aplicativo (33,75%).
Nas despesas com habitação, a maior pressão veio da energia elétrica (21,21%). Já o gás de botijão disparou 36,99%.
Nos alimentos, a variação de 7,94% foi menos intensa que a do ano anterior (14,09%), quando esta classe de despesas representou o maior impacto entre os grupos pesquisados. Entre as maiores altas no ano, destaque para café moído (50,24%) e açúcar refinado (47,87%).
O grupo dos vestuários, que tinha sido o único com queda no ano passado, fechou 2021 com a quarta maior variação (10,31%).
Veja a inflação em 2021 para cada um dos 9 grupos:
- Alimentação e bebidas: 7,94%
- Habitação: 13,05%
- Artigos de residência: 12,07%
- Vestuário: 10,31%
- Transportes: 21,03%
- Saúde e cuidados pessoais: 3,70%
- Despesas pessoais: 4,73%
- Educação: 2,81%
- Comunicação: 1,38%
Previsão de estouro da meta também em 2022
O BC já tinha admitido em setembro, que a meta de inflação não seria cumprida em 2021.
A previsão do mercado para a inflação em 2022 está em 5,03%. Com isso, a expectativa é de estouro do teto do sistema de metas pelo segundo ano seguido. A meta central para o IPCA deste ano é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar entre 2% e 5%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.
Atualmente, a taxa Selic está em 9,25% ao ano, maior patamar em mais de quatro anos. E a perspectiva do mercado é que ela termine o ano em 11,75% ao ano.
Brasil tem a 3ª pior inflação do G20
A inflação foi um problema global em 2021, mas a taxa do Brasil ficou entre as mais altas do mundo. Relatório publicado nesta terça-feira pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que entre os países do G20, o Brasil teve a terceira maior inflação no acumulado em 12 meses até novembro, atrás somente da Argentina (5102%) e da Turquia (21,3%).
Na média dos países do G20 (grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia), a inflação ficou em 5,9% no acumulado em 12 meses até novembro.
Fonte: G1
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