Uma parceria entre a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a farmacêutica MSD e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) implementou projeto em hospitais públicos e unidades de atenção primária, que reduziu em 72% a taxa de mortalidade materna na Bahia entre 2021 e 2023.
A iniciativa Todas Mães Importam atuou no acompanhamento, treinamento, organização dos fluxos de trabalho e padronização dos atendimentos em 14 unidades de saúde de Salvador e Lauro de Freitas.
O número é relacionado às mortes por causas diretas, como hemorragia, sepse, pré-eclâmpsia, infecções e outras hipertensões associadas à gestação, ao parto e em 42 dias após o nascimento do bebê, representando aproximadamente 46 vidas potencialmente salvas. Além deste marco, o projeto também alcançou uma redução de 68,7% nas mortes maternas por causas gerais, sendo 70 vidas potencialmente salvas.
Esses dados apontam melhorias em um problema que preocupa a comunidade médica. Dados do Ministério da Saúde (MS) de 2021 mostram que 107 mulheres morreram durante a gravidez, parto e puerpério a cada 100 mil nascidos vivos. Na Bahia, de 2017 a 2021, foram 70,8 mortes maternas a cada 100 mil habitantes. O MS acrescenta que 92% desses casos poderiam ser evitados com melhorias no acesso ao pré-natal, atendimento precoce e apoio pós parto.
Mais de 70 equipes
O diretor-geral de Gestão das Unidades Próprias (DGGUP) da Sesab, Michael Carmo, destaca a importância da ação, que contou com o envolvimento de mais de 70 profissionais das equipes participantes, além de 15 pessoas da Sesab e da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Foram contempladas as maternidades estaduais e as unidades de atenção primária de Salvador e Feira de Santana.
“O objetivo geral foi diminuir mortes e danos maternos evitáveis, por meio de processos confiáveis na identificação e manejo, que são as condições que mais ameaçam a vida das mulheres. Esse projeto trouxe à Bahia o que há de mais moderno”, afirma.
Com 21 meses de projeto, Michael Carmo destaca que os principais polos de atuação foram a Maternidade do Hospital Geral Roberto Santos, a Maternidade de José Maria de Magalhães Neto), a Maternidade Albert Sabin, a Maternidade Priscila Balbino, todos em Salvador, e o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana. Ele comemora ter ultrapassado a meta de redução de 30% nas mortes.
“As expectativas para o futuro são que essas práticas sejam, de fato, incorporadas no dia a dia das nossas ações, propagando para as outras maternidades do estado que não participaram do projeto”, finaliza.
A coordenadora de Enfermagem da Obstetrícia do HEC, Larissa Paiva, conta que os métodos de suporte teórico, treinamentos, encontros e reuniões, por meio de um check list da equipe de enfermagem de como se comportar durante algum problema decorrente da gestação, que pode se agravar e, consequentemente, levar ao óbito, foi importante para os resultados. Segundo ela, por causa do engajamento da equipe do HEC, foi possível chegar à redução de 88,41% de mortes maternas por causas diretas no local.
Dificuldades
Em Salvador, a diretora-geral e técnica da Maternidade de José Maria de Magalhães Neto, Daniela Matos, relata que a implementação no local teve dificuldades no início por ter sido um projeto amplo no estado e alterar os processos no espaço. No entanto, a partir do convite para dialogar e debater a implantação, foi possível melhorar a comunicação e o fluxo de aprendizagem.
“Nos ajudou muito a organizar nossos processos internos, com reuniões semanais on-line em quase três anos, além de quatro capacitações presenciais com todos os envolvidos no processo. Além da redução, o ganho maior foi receber essas pacientes com uma melhor qualidade a partir das orientações das expertises do próprio Einstein”, pontua.
Diante destes números, o diretor de Social Business Innovation para América Latina da MSD, Kleber Santos, comentou os resultados foram muito satisfatórios e admiráveis na Bahia. “Com essa parceria, podemos unir os recursos, as experiências e as necessidades de cada um para oferecer a melhor solução para o combate à mortalidade materna”, afirma.
Fonte: A tarde
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