A produção anual de biodiesel do Brasil deve sair de 6,7 bilhões de litros neste ano para 10,2 bilhões em 2025, considerando eventual retomada do cronograma de misturas mandatórias, estimou nesta terça-feira a consultoria StoneX.
A projeção considera uma mistura de 15% de biodiesel ao diesel a partir de março de 2023. Atualmente, a proporção de biocombustível na mistura é de 10%.
Pela Resolução 16/2018 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o mandato desde 1º de março deste ano deveria ser de 14%. No final de 2021, porém, o conselho reviu a meta, alegando que a medida ajudaria a conter o avanço dos preços do diesel nas bombas.
A principal matéria-prima do biodiesel no Brasil é o óleo de soja, commodity que teve os preços elevados na esteira da alta do grão.
O head de Petróleo, Gás e Renováveis da StoneX Brasil, Smiley Curcio, disse que há uma expectativa no setor de aumento na proporção do biocombustível na mistura, mas sem sinais claros dados pelo governo de quando seria essa retomada.
“Temos expectativa de B15 já para 2023, mas baseado no cronograma oficial do RenovaBio. Mas vai depender muito de como estarão os preços dos biocombustíveis e dos combustíveis para 2023”, afirmou Smiley.
NOVAS ESPECIFICAÇÕES
O chefe de Núcleo do Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Alex de Medeiros, disse que a fixação do B10 foi necessária em função do choque de preços causado pela pandemia do coronavírus e, mais recentemente, pela guerra na Ucrânia.
“Existe a expectativa de aumento nos próximos meses ou, talvez no ano que vem, a depender dos preços das commodities. Nossa matéria-prima é basicamente soja e sebo animal. Mas tem outros importantes, como óleo de milho e palma”, detalhou Medeiros.
A agência reguladora aposta justamente na diversificação da composição do biodiesel como uma forma de conter o avanço dos preços. Segundo Medeiros, a ANP vai publicar, nos próximos meses, novas especificações para o produto.
“Essa regra vai mudar bastante as matérias-primas a serem usadas. Vai depender de como o mercado vai reagir, mas certamente haverá um impacto. E também mudanças nas plantas produtoras”, disse.
Fonte: Reuters
Comente esta matéria