O final do ano de 2022 trouxe uma notícia que chamou a atenção em relação à produção de rações no Brasil: de acordo com o balanço realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o resultado operacional foi de 1,3%, percentual 2,2% menor do que o previsto pelo órgão. O CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani, explica que o resultado é consequência da inflação que atingiu não só o Brasil, mas todo o mundo.
“O ambiente inflacionário que afligiu toda cadeia produtiva global de proteína animal comprometeu os resultados dos produtores brasileiros de carnes, ovos e leite, sejam eles verticalizados ou independentes, impactando os índices do setor”, afirma.
Segundo Marcelo Plácido, presidente do Sindicato das Empresas de Nutrição Animal e Rações da Bahia (Sindinutri), a crise interna em relação ao consumo de proteína animal é a grande responsável pelo rendimento abaixo do esperado no mercado de rações. De acordo com um levantamento do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), o consumo de carnes caiu 67% entre os brasileiros durante o ano de 2022.
“Nós estamos em um momento de consumo baixo das proteínas animais, que são os setores que mais produzem rações, marcadamente a avicultura e suinocultura que, apesar de um avanço na exportação, tiveram problemas com o consumo interno”.
Excedente
Um dos segmentos com perspectiva de melhor desempenho do setor em relação ao ano de 2021 foi o de suínos, com crescimento de 4%. Segundo o presidente da Associação Baiana de Suinocultura (ABS), Alber Rezende, apesar da retração no mercado brasileiro, a suinocultura baiana conseguiu alavancar.
“A retração no Brasil foi motivada por uma acomodação do mercado, devido ao excedente de produção. Por esse motivo, a suinocultura brasileira enfrentou em 2022 a maior crise dos últimos 10 anos. Mesmo assim, a suinocultura baiana conseguiu crescer”, afirma.
Expectativas
Mas, afinal, o que os próximos anos reservam para o mercado de rações? Para Marcelo Plácido, a expectativa é de uma recuperação lenta e gradual, o que passará pela política econômica do novo governo. “A gente vai depender muito dessa possível recuperação de renda e a ocorrência ou não do fator inflacionário, já que isso reduz consumo”, diz.
Zanin explica que a projeção de desempenho está além dos fatores de risco ou sucesso inerentes ao mercado. O CEO do Sindirações reforça que, apesar do cenário de instabilidade geopolítica e fragilidade socioeconômica, o Brasil tem invejável desempenho como protagonista global na produção e exportação de gêneros agropecuários, em boa parte pela inovação e pelo robusto potencial energético renovável.
Fonte: A Tarde
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