O segundo dia de bloqueios de vias, que ocorrem após o anúncio da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, atingem 23 estados mais o Distrito Federal, segundo o último boletim divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
De acordo com o informe, divulgado às 6h10 (horário de Brasília) desta terça-feira (1), são 264 ocorrências nas estradas do país. A PRF informa também que pelo menos 192 pontos de bloqueio já foram desmobilizados pelos policiais.
As Unidades da Federação que registram manifestações, de acordo com a PRF, são: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
STF determina desbloqueios
No final da noite desta segunda-feira (31), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, havia determinado que as forças policiais tomem todas as medidas necessárias para desobstruir as rodovias bloqueadas pelos protestos bolsonaristas. O voto de Moraes já obteve apoio da maioria dos ministros da Corte em julgamento realizado no plenário virtual.
Moraes atendeu a um pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e da Procuradoria-Geral Eleitoral, que solicitaram medidas para desocupação das rodovias.
Ainda de acordo com a decisão do ministro do Supremo, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, poderá ser multado em R$ 100 mil por dia “em face da apontada omissão e inércia da PRF”, além de prever, “se for o caso” o afastamento do dirigente de suas funções e a prisão em flagrante pelo crime de desobediência.
“Determino… que sejam imediatamente tomadas, pela Polícia Rodoviária Federal e pelas respectivas Polícias Militares Estaduais –no âmbito de suas atribuições–, todas as medidas necessárias e suficientes, a critério das autoridades responsáveis do Poder Executivo Federal e dos Poderes Executivos Estaduais, para a imediata desobstrução de todas as vias públicas que, ilicitamente, estejam com seu trânsito interrompido”, diz a decisão.
Interdição em São Paulo
Por volta de 6h40 da manhã, um comboio de manifestantes bloqueava trechos de rodovias importantes do estado de São Paulo e da Marginal Tietê, importante via da capital paulista. Imagens da TV Globo mostraram interdições nas rodovias Castello Branco, na altura de Osasco, no Rodoanel e na Regis Bittencourt.
Há relatos também de problemas no acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana do estado. Segundo a GRU Airport, empresa que administra o local, ao menos 25 voos foram cancelados entre segunda e terça-feira.
PR e SC lideram bloqueios
Os informes da PRF apontam que Paraná e Santa Catarina lideram o número de manifestações em estradas neste momento. Por volta de 6h30, havia cerca de 39 pontos de interdição nesses dois estados. Na sequência, o Pará contava com 33 locais de bloqueio.
Entidades criticam movimento
Na segunda-feira, diversas entidades de classe se manifestaram contra os bloqueios. A Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade que representa as empresas de transporte no Brasil, criticou as interdições e entrou com pedido no STF para liberação das estradas.
Para a CNT, o fechamento de estradas causa ” transtornos econômicos” ao país, além de afetar a locação de pessoas doentes e de produtos de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos e combustíveis.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) disse que os bloqueios nas estradas afetam os consumidores brasileiros e que há risco de desabastecimento no setor. “Fazemos um apelo para que as rodovias sejam liberadas para cargas vivas, ração, ambulâncias e outros produtos de primeira necessidade e/ou perecíveis”, disse a FPA, em nota.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também condenou os bloqueios realizados pelo país. Segundo o presidente nacional da Ordem, Beto Simonetti, as interdições são inaceitáveis. “A OAB Nacional convoca a sociedade a enaltecer e a fortalecer a liberdade de escolha por meio do respeito ao voto popular e ao resultado das eleições presidenciais”, afirmou, em nota.
Representantes não reconhecem manifestações
O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou em nota oficial que os caminhoneiros não irão parar para protestar contra o resultado das eleições.
A categoria “não participa e nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil”, afirmou.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que se trata de uma “ação antidemocrática de alguns segmentos que não representam a categoria dos caminhoneiros autônomos de não aceitação do resultado das urnas”. A entidade havia promovido anteriormente chamados de greve contra os preços dos combustíveis.
Segundo Dahmer, a pauta permanente dos caminhoneiros “não é política, mas econômica”, o que inclui reivindicações como consolidação da tabela de pisos mínimos de fretes e redução dos preços dos combustíveis.
Fonte: Reuters / Estadão Conteúdo
Comente esta matéria