O número de recém-nascidos que são submetidos ao teste do pezinho na Bahia é 14% menor que no ano passado. Enquanto entre janeiro e outubro de 2021, 134 mil nascidos vivos haviam feito o exame, em 2022, o total de bebês triados no Programa Nacional de Triagem Neonatal não passou de 126 mil.
A cobertura, que deveria ser ampliada para atingir a totalidade de 100%, tem preocupado especialistas da Apae Salvador. O exame, que é realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos de todo o estado, é coletado nas unidades públicas e tem parte das amostras encaminhadas à Apae para análise.
No entanto, segundo Helena Pimentel, médica geneticista e responsável técnica em Saúde da Apae Salvador, o número de exames caiu ainda mais no segundo semestre deste ano. Na prática, a redução no percentual anual significa que ao menos 23 mil recém-nascidos deixaram de fazer o teste do pezinho e que 500 podem estar sofrendo com alguma alteração, sem acesso ao tratamento.
“É extremamente preocupante essa lacuna que tem sido deixada por alguns pais, já que esse exame pode diagnosticar diversas doenças de origem genética, mudando para melhor a qualidade de vida, e até evitando óbitos nas crianças que recebem o diagnóstico precoce”, alerta a médica.
O teste do pezinho é um exame que tem o propósito de triar, diagnosticar e tratar doenças antes das manifestações clínicas que podem surgir ainda no período neonatal, entre 0 e 28 dias de vida. Para isso, a coleta deve ser realizada, de preferência, do 3º ao 5º dia após o nascimento.
O período precoce garante a qualidade do exame, mas ainda que a idade indicada já tenha sido ultrapassada, não se deve deixar de realizar o teste. Após coletadas, as amostras devem ser enviadas o quanto antes para a Apae Salvador realizar as análises no laboratório especializado em triagem neonatal.
Quanto mais cedo o diagnóstico e o início do tratamento, menores as sequelas e os riscos à vida do bebê. Entre as doenças capazes de serem detectadas pelo exame estão a fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase e aminoacidopatias.
Algumas delas podem provocar sequelas graves, como deficiência mental, ou afetar gravemente a saúde da criança, até mesmo levando ao óbito precoce. Todos têm responsabilidade no processo da prevenção destas doenças: da família aos profissionais de saúde.
O teste do pezinho pelo SUS é um programa de saúde pública e envolve a Secretaria Estadual da Saúde e secretarias de Saúde dos 417 municípios da Bahia. O processo é rápido e consiste na coleta de sangue realizada no calcanhar do recém-nascido.
Fonte: Correio 24 horas
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